Ebola

O ebola é uma doença viral com prognóstico muito grave, com aproximadamente 50% de mortalidade. O maior número de casos está concentrado na África, entretanto o planeta está em alerta devido ao fluxo contínuo de pessoas viajando pelo mundo. Nossa equipe, por meio do “blog”, ficará responsável pela postagem eletrônica dos dados epidemiológicos recentes sobre esta doença.

Os objetivos do “blog” são informar, por meio de dados obtidos das variadas fontes informativas (televisão, jornais, revistas, internet, etc), sobre os principais locais de disseminação da doença, alertando assim as pessoas sobre o grau de risco de contaminação de acordo com a região do mundo.

Produzido pelos acadêmicos: Isabella Chagas Leli, Dorane Dias de Moura, Alexandre Fenato, Amanda Carvalhos dos Santos e Marcella Pontes

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Declaração do Dr. Craig Spencer, recém-recuperado do vírus Ebola

Médico americano está curado e manifesta-se publicamente em agradecimento aos cuidados recebidos.

Meu nome é Craig Spencer. Sou médico e profissional humanitário da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). Tenho orgulho de estar entre os mais de 3.300 profissionais de MSF atuando no combate ao surto de Ebola na África Ocidental.
Gostaria de começar agradecendo à equipe médica aqui do Hospital Bellevue, pelos enormes cuidados e suporte dedicados a mim, para que eu sobrevivesse a esse vírus. Desde que fui internado, em 23 de outubro, recebi um nível excepcional de tratamento médico, apoio e incentivo de toda a equipe médica e administrativa. Gostaria de prestar um agradecimento especial a Dra. Laura Evans, que foi a primeira responsável por meus cuidados desde a minha chegada e esteve comigo desde o início. Hoje, estou saudável e não posso mais transmitir o vírus.
Minha recuperação fala em favor da efetividade dos protocolos seguidos pela equipe de saúde regressa da África Ocidental no momento de minha infecção. Sou um exemplo vivo de que esses protocolos funcionam e de que a detecção e o isolamento precoces são essenciais tanto para sobreviver ao Ebola quanto para garantir que o vírus não seja transmitido a terceiros.
Na medida em que meu caso ganhou atenção internacional, é importante lembrar que minha infecção representa apenas uma fração dos mais de 13 mil casos reportados até o momento na África Ocidental, centro da epidemia, onde famílias inteiras estão sendo devastadas e comunidades destruídas.
Foi essa a razão pela qual decidi trabalhar com MSF na Guiné. Por mais de cinco semanas, atuei no centro de tratamento de Ebola em Guéckédou, epicentro do surto. Durante esse período, chorei quando tive em meus braços crianças que não eram fortes o suficiente para sobreviverem ao vírus. Mas também vivenciei momentos de alegria imensa quando os pacientes que tratei se curaram e me convidaram para fazer parte de suas famílias, como um irmão no momento de sua liberação. Uma semana depois de meu diagnóstico, muitos desses mesmos pacientes ligaram para o meu telefone pessoal para me desejarem saúde e saber se havia algo que pudessem fazer para contribuir para meus cuidados. Ainda mais incrível foi observar meus colegas guineanos, que estiveram na linha de frente desde o primeiro dia dessa batalha e viram amigos e familiares morrerem, continuarem a lutar para salvar suas comunidades com tanta compaixão e dignidade. Eles são os heróis de quem não estamos falando.
Por favor, junte-se a mim na tentativa de voltar as atenções novamente para a África Ocidental, e garantir que médicos e outros profissionais humanitários não enfrentem estigma e ameaças quando de seu retorno às suas casas. Eles precisam de apoio para ajudar no combate a essa epidemia em sua origem.
Sou imensamente grato a todos pelos incentivos e suporte que recebi de minha família, de tantos amigos e de completos estranhos nas últimas semanas. Além disso, gostaria de agradecer o Centro Médico da Universidade Columbia, especialmente o chefe da Medicina de Emergência, o Dr. Joseph Underwood, pelo apoio sem precedentes que recebi do momento em que decidi participar do projeto até depois do meu diagnóstico.
Finalmente, gostaria de reconhecer publicamente meu profundo apreço por Médicos Sem Fronteiras. Não tenho palavras para dizer o quanto a organização me ajudou a administrar esses dias difíceis tanto para mim quanto para minha família.

Para encerrar, gostaria de agradecer à imprensa por respeitar meus direitos, e os de minha família, à privacidade. Feito este depoimento, não vou mais comentar o assunto, e peço que vocês voltem suas atenções para onde elas são mais urgentemente necessárias: a origem da epidemia, na África Ocidental.
Obrigado.
Craig Spencer


http://www.msf.org.br/noticias/declaracao-do-dr-craig-spencer-recem-recuperado-do-virus-ebola

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Índia coloca em quarentena homem que se recupera do ebola

Vírus não está mais no sangue, mas foi encontrado em amostra de sêmen.

A Índia colocou em quarentena um homem que foi curado do ebola na Libéria, mas que continuou exibindo sinais do vírus em amostras de sêmen depois de chegar ao país, declarou o Ministério da Saúde indiano nesta terça-feira (18). 

O ministério informou em um comunicado que os exames de ebola do cidadão indiano, 
feitos de acordo com diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), deram 
negativo, mas que ele foi posto em quarentena como medida de precaução quando
 chegou ao aeroporto de Nova Délhi em 10 de novembro. Mais tarde, exames
 com seu sêmen detectaram vestígios do vírus.
A Índia já examinou milhares de passageiros oriundos do oeste da África, região mais 
assolada pela doença, nas últimas semanas.
O cidadão indiano levava consigo documentos da Libéria atestando que está curado. 
Ele será mantido em quarentena até o vírus não estar mais presente em seu corpo 
e passará por exames durante os 10 dias seguintes, aproximadamente, disse uma 
autoridade de alto escalão da pasta.
“Não é um caso de ebola, ele é um paciente tratado de ebola que é negativo no sangue, 
mas cujo fluido corporal é positivo. Ele não tem sintomas”, declarou o funcionário,
 recusando-se a dar o nome por causa da delicadeza do assunto.
Homem foi declarado curado por médicos na Libéria e não tem sintomas.
“É um fato conhecido que, durante a convalescença da doença do vírus do ebola, as pessoas continuam a descartar vírus em fluidos corporais durante períodos variáveis”, afirmou
 o ministério. “Entretanto, a presença do vírus em amostras de seu sêmen pode conter a
 possibilidade de transmissão da doença por via sexual até 90 dias depois da cura clínica.”

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Ebola: suporte psicossocial é essencial para responder à epidemia em Guéckédou na Guiné

“Pessoas com sintomas de Ebola chegam ao centro confusas, em um estado de terrível angústia. Nessa situação, nossa primeira tarefa é estabelecer a confiança”.

No centro de tratamento de casos de Ebola da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Guéckédou, na Guiné, uma equipe de sete pessoas oferece suporte psicossocial às pessoas e às comunidades afetadas pela doença. É uma tarefa difícil, mas indispensável na resposta à epidemia.

O suporte começa na chegada
“Ainda há muita incompreensão na região sobre a doença”, diz Alexi, supervisor da equipe psicossocial de MSF em Guéckédou.
“Os rumores se espalham pelo boca a boca mais rapidamente do que nossa equipe de promoção de saúde consegue acompanhar, e isso tem um impacto sobre as comunidades. Pessoas com sintomas de Ebola chegam ao centro confusas, em um estado de terrível angústia. Nessa situação, nossa primeira tarefa é estabelecer a confiança.”
Se um paciente é expulso de sua comunidade, Alexi e sua equipe se encontram com ele. Eles tentam explicar que as pessoas podem sobreviver ao Ebola, e que os doentes e as pessoas que se recuperam precisam do apoio de suas famílias. “Muitos sobreviventes agora trabalham em nossa equipe e a contribuição deles é preciosa. Quando eles descrevem suas próprias experiências a um paciente e às suas próprias família, as percepções sobre o Ebola e sobre o centro de tratamento podem mudar.”

Dentro da ala do paciente
 A equipe de apoio psicossocial ainda deve proteger a si mesma e aos outros usando equipamentos que cobrem o corpo e o rosto. “O que torna essa tarefa difícil é a distância visual e a falta de contato entre nós e o paciente”, diz Reine Lebel, psicóloga de MSF em Guéckédou. Reine já havia trabalhado com MSF em outras emergências, incluindo Haiti e Filipinas; mas esta tarefa, ela diz, é diferente. “Em outros contextos, eu carrego crianças em meus braços e posso segurar a mão de pacientes. Eles veem meu rosto. Aqui, nós temos de achar outros meios de nos relacionarmos com os pacientes.”
“Então, nos concentramos nas necessidades de cada pessoa. São as pequenas coisas pessoais que precisamos descobrir para fazê-los querer lutar contra a doença, continuar a beber, comer e tomar a medicação.”
“Algumas semanas atrás, Sebastian¹ chegou sozinho ao centro de tratamento de MSF após sua esposa e duas irmãs terem morrido de Ebola. Como enfermeiro, ele foi acusado de envenenar as pessoas de seu vilarejo e foi basicamente expulso dali. E nosso primeiro contato, ele estava com raiva, dizendo ‘O que vocês querem de mim? Eu não quero nada!’. Ele estava deprimido e havia convencido a si mesmo que merecia morrer. Então, nós descobrimos sua fraqueza: refrigerante! Nós o trouxemos uma lata após a outra e, lentamente, ele começou a comer para acompanhar seu refrigerante. Ele se recuperou e recebeu alta.”
“A coisa mais difícil para nós são as crianças”, diz Alexi. “As crianças ficam ansiosas na chegada, e seus medos aumentam quando estão no isolamento, vendo outros pacientes doentes de Ebola. Nós levamos brinquedos, mas quando outros pacientes se sentem um pouco melhores, às vezes, começam a cuidar de uma criança. Essa gentileza é uma imensa fonte de força para uma criança.”

Dignidade na vida e na morte

“Nós nunca podemos perder de vista sobre o que isso se trata, mostrando respeito e preservando a dignidade do paciente e de sua família”, diz Reine. “E isso também se aplica a um paciente falecido.”
Como o vírus continua ativo no corpo de uma pessoa falecida, um funeral tradicional, durante os quais os corpos são lavados e tocados pela família, não é possível. Mas isso não quer dizer que um enterro respeitoso não possa ser realizado. No centro de tratamento de MSF, higienistas treinados usando a vestimenta de proteção lavam o corpo e o colocam em um saco para corpos. A parte superior é mantida aberta e flores são colocadas em volta do corpo para a família ver. Então cabe a Bakari, membro da equipe de suporte psicossocial, tirar uma foto do rosto da pessoa – uma imagem que irá ajudar a família em seu luto.
É uma tarefa que recai pesadamente sobre os ombros de Bakari. “Semana passada, nós tivemos onze mortes em um dia, e eu tive que preparar todos os corpos. Naquela noite, comecei a ter pesadelos e desde então eu só trabalho a cada dois dias.” Uma psicóloga de MSF também oferece assistência aos membros da equipe que trabalham durante o surto.

Deixando o centro de tratamento

Pacientes recuperados reconstroem suas vidas após o Ebola e continuam em contato com a equipe. “Um sobrevivente pode enfrentar o estigma, a dúvida e o medo de sua comunidade. Os sobreviventes trabalhando em nossa equipe desempenham um papel importante em ajudar as famílias a entender que um sobrevivente não representa mais risco de contágio”, diz Reine.

Atualmente, seis pessoas em Guéckédou, 12 pessoas no centro de tratamento de MSF em Conacri e quatro pessoas no centro de trânsito de Macenta oferecem apoio psicossocial às pessoas afetadas pelo Ebola.

http://www.msf.org.br/noticias/ebola-suporte-psicossocial-e-essencial-para-responder-epidemia-em-gueckedou-na-guine
Entenda o ebola

O que é o ebola?
É uma doença causada por vírus, que pode ser fatal em até 90% dos casos. A morte geralmente ocorre por falhas renais e problemas de coagulação, em até duas semanas após a aparição dos primeiros sintomas.

Como se contrai o vírus?
Ele é transmitido pelo contato direto e intenso com sangue e fluidos corporais (como suor, urina, fezes e sêmen, por exemplo) de pessoas contaminadas e de tecidos de animais infectados. Até o momento, não há notícias de pessoas que transmitiram o vírus antes de apresentarem os sintomas.

Quais os sintomas mais comuns?
Febre repentina, fraqueza, dor muscular, dor de cabeça e inflamação na garganta. Depois, vômito, diarreia, coceira, deficiência hepática e renal e, em alguns casos, hemorragias internas e externas. O período de incubação costuma ser de dois a 21 dias, ou seja, esse é o tempo que pode levar para a pessoa infectada começar a apresentar os sintomas.

O que é um caso confirmado?
Um caso suspeito com resultado laboratorial positivo para o vírus ebola realizado em laboratório de referência.

O 1º exame negativo descartada a doença?
Não. O descarte só é feito após dois exames laboratoriais negativos com intervalos de 48h entre eles.

Qualquer unidade de saúde pode colher sangue para teste?
Não. Esta doença é de notificação compulsória imediata. O Ministério da Saúde recomenda que, em caso de suspeita, a pessoa seja isolada e o ministério, acionado imediatamente para que o paciente seja levado a uma unidade de referência. Somente neste local pode ser feita a coleta de sangue.

Qualquer laboratório pode manipular o sangue de um caso suspeito?
Não. Apenas um laboratório no Pará tem nível internacional de segurança 3 e, por isso, é o único credenciado pelo Ministério da Saúde para manipular e diagnosticar vírus ebola.

Como transportar pacientes suspeitos e/ou confirmados com ebola?
Uma ambulância é previamente envelopada (seu interior é coberto por plástico para que não haja contato dos instrumentos com o paciente). Durante o transporte, tanto o paciente quanto a equipe médica e o motorista utilizam Equipamentos de Proteção Individual (EPI): macacão de tyvek, protetor facial, bota, luvas, entre outros.

O paciente deve ser colocado na ambulância em maca-bolha?
Não há essa indicação técnica, já que a doença não é transmitida pelo ar e os profissionais de saúde estão usando todos os EPIs indicados no protocolo.

O que é feito quando há confirmação de caso de ebola?
Os pacientes devem ser mantidos isolados, em suporte intensivo, em hospitais de referência para tratamento de doenças infecciosas graves. Todo e qualquer profissional de saúde que tiver contato com o paciente deve estar usando EPI.

O ebola tem tratamento específico?
Não. Em geral os médicos recorrem a medicamentos para aliviar os sintomas, mas a cura depende do organismo do paciente. Existem apenas remédios e vacinas experimentais sendo testados no Canadá e nos EUA. O Zmapp, publicado no meio científico desde 2012, foi usado em humanos pela 1ª vez no surto atual, já que a OMS só libera o uso de medicamentos de alto risco em situações extremas.

Existe risco de epidemia de ebola no Brasil?
O risco é extremamente baixo. Mesmo que haja casos confirmados isolados, a adoção de protocolos de isolamento, monitoramento e bloqueio evita a ocorrência de surto.

Quais países têm mais casos de ebola?
Guiné, Libéria e Serra Leoa vivem surtos de ebola, e há casos na Nigéria e no Congo. EUA, Espanha e Reino Unido levaram compatriotas infectados para tratamento em seus países.

Como pode ser feita a notificação de um caso suspeito?
O Ministério da Saúde disponibilizou alguns canais para profissionais de saúde: o telefone 0800 644 6645 e o e-mail notifica@saude.gov.br. A população pode usar o número 136.

Fonte: Ministério da Saúde, Médicos Sem Fronteias e entrevista com o doutor em microbiologia Atila Iamarino.


OMS DECLARA EBOLA COMO EMERGÊNCIA INTERNACIONAL

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/08/1497470-oms-declara-emergencia-internacional-para-conter-surto-de-ebola-na-africa.shtml

Nova droga russa traz esperança ao controle do ebola

Desenvolvido por cientistas dos Urais, o Triazavirin combate uma grande quantidade de vírus e infecções. Medicamento deve entrar no mercado russo antes do final do ano.
 
De acordo com os cientistas do Instituto de Tecnologia Química da Universidade Federal dos Urais, além de tratar doenças causadas pelos vírus da gripe e uma série de infecções, medicamento que entrará no mercado russo este ano também se mostra eficaz contra a febre hemorrágica da Crimeia-Congo, do vale do Rift e do Nilo Ocidental.
“Esse medicamento realmente possui propriedades farmacológicas únicas: atualmente estão sendo conduzidos trabalhos ativos com cinco análogos dele, direcionados a diferentes alvos medicinais”, disse à Gazeta Russa Oleg Kisseliov, doutor em ciências biológicas e diretor do Instituto de Pesquisa Científica da Gripe, que participou dos testes clínicos.
Há dois anos o Triazavirin foi testado com sucesso contra o vírus do Nilo Ocidental nos EUA e, em setembro passado, apresentado formalmente em uma reunião da OMS (Organização Mundial de Saúde) em Genebra. “Uma análise comparativa das propostas de medicamentos antivirais contra a febre do ebola demonstrou que o Triazavirin está na liderança”, afirmou Kisseliov.
Em comparação com os demais medicamentos disponíveis no mercado mundial para tratar a doença, o Triazavirin é menos tóxico, apresenta boa janela terapêutica (faixa entre a dose eficaz mínima e a dose máxima permitida), pode ser administrado por via intravenosa em pacientes em estado grave e é compatível com quaisquer outros tipos de terapia.
De acordo com os cálculos do fabricante, a Fábrica Medsintez, o volume de produção chegará aos 12 milhões de embalagens por ano. Durante o primeiro ano, o Triazavirin será comercializado apenas na Rússia mediante apresentação de receita médica. O medicamento deve entrar no mercado mundial a partir de 2016.
Baixa toxicidade
A maioria dos antivirais em uso atualmente destina-se à manutenção da imunidade do paciente ou à eliminação dos sintomas da doença. No entanto, a nova droga pertence ao grupo “triazol-triazinas”, que possui um mecanismo especial de ação: inibe os estágios iniciais da infecção das células, de vital importância para os vírus. Ao se ligar às proteínas virais, a molécula do Triazavirin inviabiliza a proliferação do vírus.
Membro do grupo de pesquisa responsável pelo desenvolvimento do Triazavirin e diretor do Instituto de Tecnologia Química, Vladímir Russinov contou à Gazeta Russa que a medicação antiviral de amplo espectro já existe na indústria farmacêutica mundial. “Trata-se do Ribavirin, mas ele é tóxico e acumula-se nos eritrócitos.”
Durante a recente epidemia de Sars na China, uma dose sem precedentes de Ribavirin foi administrada aos doentes, sendo capaz de suprimir o vírus. Porém, os pacientes apresentaram problemas no fígado e nos órgãos hematopoiéticos. “Já a toxicidade do Triazavirin é muito pequena. Quando aumentamos a dose do medicamento nos testes, nem mesmo os ratinhos sofreram danos com o Triazavirin”, disse Russinov.
Longa espera
Os cientistas dos Urais Valéri Tcharúchin e Oleg Tchupákhin receberam o Prêmio do Estado da Federação Russa pelo desenvolvimento das bases fundamentais da síntese orgânica das triazol-triazinas e do fármaco Triazavirin. O medicamento levou mais de 20 anos para ser desenvolvido e é resultado de anos de pesquisa iniciada ainda no começo da década de 1990.
Em 2009, a droga recebeu pela primeira vez uma boa avaliação da ministra da Saúde russa, Veronika Skvortsova, quando foi usado contra a pandemia de gripe suína. Graças ao apoio do ministério, o medicamento passou pelas fases II e III de ensaios clínicos e acabou sendo registrado para solucionar problemas com o tratamento e a quimioprofilaxia da febre hemorrágica do ebola.
 




http://br.rbth.com/ciencia/2014/11/10/nova_droga_russa_traz_esperanca_ao_controle_do_ebola_28185.html
 

Aldeia de Serra Leoa perde 10% da população para o ebola

'Epicentro' de novo surto do vírus, Kigbal parece ter sido esquecida por esforços humanitários internacionais.

Isolamento de doentes de ebola no vilarejo de Kigbal é precário e não há garantia de que contágio possa ser controlado (Foto: BBC)

A quatro horas de viagem ao norte de Freetown, a capital de Serra Leoa, a aldeia de Kigbal se transformou no epicentro de um novo surto de ebola no país.
Segundo autoridades de saúde locais, 30 pessoas morreram vítimas do vírus nos últimos dias em Kigbal. Isso equivale a 10% da população da aldeia.
A reportagem da BBC chega ao vilarejo por uma estrada de asfalto perfeito, que divide Kigbal ao meio. No lado direito, 30 crianças estão de pé, aglomerando-se à sombra de uma árvore.
"Viemos para este lado para ficar mais seguros", diz Mabinti Kamara, de 14 anos.
"Um monte de gente morreu ali. Eles levaram meu pai. Não sei o que aconteceu com ele", diz a menina.
Perguntamos às crianças se algum deles perdeu parentes para o ebola. Em silêncio, quase todas levantam as duas mãos. Várias parecem febris.
'Corpos em toda parte'
É fácil entender por que as crianças foram para o outro lado da rua. Do lado oposto estão uma mulher e uma criança, praticamente ocultas pela sombra de uma árvore.
"Minha cabeça está girando", diz Adamsay Kamara, com a voz fraca, ao ver que atravessamos a rua para ficar perto dela.
"Ela está com ebola, não podemos chegar perto", avisa Alimamy Baymaro Lamina II, líder tribal em Kigbal.
 
Horas antes, o líder explica, uma equipe funerária tinha vindo à aldeia coletar corpos caídos na entrada dos casebres.
"Os corpos estavam em toda parte. Todos naquelas casas estão mortos".
Alguns metros adiante, um idoso está de pé fora de sua casa, gritando para chamar nossa atenção.
"Por favor, curem ela", diz Momo Sessey, apontando para sua mulher, Fatu Kanu, deitada num banco de mandeira. Ela está tossindo.
"Estou com medo dela e não quero tocá-la. Por favor, levem-na para o hospital".
Damos a ele alguns pares de luvas de borracha e o aconselhamos a dar água para a mulher.
"Quente ou fria", Sessey pergunta.
 
Vulnerabilidade de crianças é uma das grandes preocupações das autoridades sanitárias em Serra Leoa (Foto: BBC)
 
Frustração Lamina II apenas balança a cabeça e se afasta, sem esconder sua frustração.
"Essa situação me deixa extremamente zangado. Tenho pedido constantemente ajuda à Organização Mundial de Saúde e ao Programa Alimentar Mundial", queixa-se.
"Eles dizem que vêm ajudar, mas até agora ninguém apareceu."
Serra Leoa é o país mais afetado pela epidemia do ebola. Dos 4.951 casos de morte registrados até agora, quase metade deles (2.413), ocorreram no país.
Há frustração com o ritmo lento dos esforços internacionais humanitários na região.
Recentemente um profissional de saúde levou sete crianças vulneráveis de Kigbal para uma área mais distante da aldeia, para tentar oferecer condições de quarentena melhores que apenas o outro lado do asfalto.
"Minha cabeça está doendo", diz Alusin, de seis anos, antes de voltar a sentar com as outras crianças sob a sombra.
Ao lado delas, dois adultos - um deles tossindo violentamente -, estão deitados no chão.
 
 
 

Robôs enfermeiros vão ajudar a combater o avanço da ebola


São Paulo - No Instituto Politécnico de Worcester (WPI, na sigla em inglês), cientistas americanos estão trabalhando para transformar  rôbos criados com outras finalidades em armas contra a epidemia do vírus ebola
Um exemplo desse trabalho é o robô Baxter, originalmente criado para operar em fábricas.
Por contar com pinças, o robô avaliado em 26 mil dólares está sendo repensado para ajudar na remoção dos trajes usados por médicos e enfermeiros que tenham entrado em contato com pacientes contaminados por ebola. 
"O principal é que você não vai precisar que outra pessoa que ajude a tirar a roupa também fique exposta a contaminação pelo vírus", afirmou à BBC Dmitry Berenson, professor da WPI.
Pensado para atuar na exploração espacial, o Aero é outro robô que também está sendo adaptado para atuar em áreas com surto de ebola.
A ideia é acoplar tanques pulverizadores ao robô para que ele possa ser usado na descontaminação de trajes usados no contato com pessoas doentes.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, a atual epidemia de ebola é a maior já registrada desde a descoberta da doença, em 1976. Mais de 13 mil casos da doença haviam sido registrados pelo órgão até o último dia 7.
 

Pesquisadores dos EUA cobram acesso a amostras do vírus ebola

 Problemas refletem precaução de agências reguladoras e transportadoras. Libéria, Serra Leoa e Guiné teriam dificultado liberação de amostras.
 
Cientistas de várias partes dos Estados Unidos disseram que não conseguem obter amostras do ebola, o que complica os esforços para entender como o vírus sofre mutações e prejudica o desenvolvimento de novas drogas, vacinas e diagnósticos.
Os problemas refletem a precaução crescente de agências reguladoras e empresas de transporte com o manejo das amostras, assim como os recursos limitados dos países do oeste da África que lutam para ajudar milhares de cidadãos infectados.
Dez cientistas de oito grandes instituições de pesquisa contactados pela Reuters relataram não ter conseguido acesso a amostras do ebola nos últimos meses.
Uma delas, a Universidade de Tulane, recebeu amostras nesta semana, e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) disse ter chegado a um acordo para obter espécimes vivos, mas não ficou claro se os novos suprimentos irão atender a procura, e o transporte continua sendo um desafio.
O ebola passa por mutações à medida que se dissemina, e embora poucos temam que o vírus adquira a capacidade de se transmitir pelo ar, por exemplo, os cientistas precisam de levas constantes de novas amostras para rastrear estas mudanças.
O gargalo no fornecimento de amostras não deve atrasar o desenvolvimento de tratamentos experimentais, mas se o vírus sofrer alterações significativas que não forem detectadas, as drogas e os exames podem não funcionar, alertaram os pesquisadores.
Exame genético
O doutor Charles Chiu, especialista em microbiologia e doenças infecciosas da Universidade da Califórnia, em São Francisco, necessita de amostras de pacientes com o vírus para desenvolver um novo exame genético que poderia detectar a doença em indivíduos contaminados antes do surgimento dos sintomas.
“No momento, ninguém sabe realmente que mutação o vírus sofreu ou se sofreu”, afirmou. Sem a pesquisa, “não seremos capazes de determinar antecipadamente se ele adotou ou não uma forma na qual pode driblar testes de diagnóstico ou tornar vacinas e drogas atuais ineficazes”.
Os cientistas dizem que Libéria, Serra Leoa e Guiné foram lentas na liberação de amostras, já que penam para combater o pior surto da doença já registrado e que já matou cerca de cinco mil pessoas na região.
Laurie Garrett, principal autoridade em saúde global do Conselho de Relações Exteriores, de Nova York, afirmou que a questão é sobretudo, e acertadamente, a segurança no transporte, especialmente à luz de episódios recentes de manipulação imprópria de patógenos como o antraz em laboratórios do governo norte-americano.
Erica Ollmann Saphire, do Instituto de Pesquisa Scripps em La Jolla, na Califórnia, dirige os cientistas que trabalham em tratamentos do ebola, como o coquetel de três antibióticos Zmapp. Ela disse por email que precisa de células especiais de sobreviventes do Ebola, mas não obteve nenhuma.
 
 
 

Você sabia? Vírus do ebola chegou à Europa em garrafa térmica em 1976

Há cerca de 40 anos, um jovem cientista belga viajou para um parte remota da floresta do Congo com a tarefa de descobrir por que tantas pessoas estavam morrendo de uma doença misteriosa e aterrorizante.
Em setembro de 1976, um pacote com uma garrafa térmica azul havia chegado ao Instituto de Medicina Tropical em Antuérpia, na Bélgica.
Peter Piot tinha 27 anos e, com formação em medicina, atuava como microbiologista clínico.
"Era um frasco normal, como os que usamos para manter o café quente", lembra Piot, hoje diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
Mas essa garrafa não continha café. Em meio a cubos de gelo derretidos estavam frascos de sangue, com um bilhete.
Vinham de um médico belga que estava no então Zaire, hoje República Popular do Congo. Sua mensagem explicava que o sangue era de uma freira, também belga, contaminada por uma doença misteriosa.
A encomenda incomum tinha viajado da capital do Zaire, Kinshasa, em um voo comercial, na bagagem de mão de um dos passageiros.
"Quando abrimos a garrafa térmica, vimos que um dos frascos havia quebrado e o sangue havia se misturado com a água do gelo derretido", disse Piot.
Ele e seus colegas não sabiam o quão perigoso aquilo era - à medida em que o sangue vazava na água gelada, um vírus mortal e desconhecido também escapava.
Os cientistas colocaram algumas das células sob um microscópio eletrônico e se surpreenderam. Era uma estrutura que lembrava a de um "verme gigantesco para os padrões virais", diz Piot, semelhante a apenas um outro vírus, o Marburg.
O Marburg havia sido descoberto em 1967, quando 31 pessoas tiveram febre hemorrágica na Alemanha e na Iugoslávia. O surto ocorrera entre pessoas que trabalhavam em laboratórios com macacos infectados de Uganda. Sete pessoas haviam morrido.
Piot entendia a gravidade do Marburg mas, depois de consultar especialistas, concluiu que o que estava vendo não era Marburg - era algo diferente, algo nunca visto.
"É difícil de descrever, mas eu senti uma empolgação incrível", diz Piot. "Me senti privilegiado, era um momento de descoberta."
'Adeus'
Os pesquisadores foram informados de que a freira no Zaire havia morrido. A equipe também soube que muitos estavam doentes em uma área remota no norte do país. Os sintomas incluíam febre, diarreia, vômito seguido de sangramento e, por fim, morte.
Duas semanas depois, Piot, que nunca tinha ido à África, pegou um voo para Kinshasa. A equipe viajou para o centro do surto, uma aldeia na floresta equatorial.
Quando o avião pousou em um porto fluvial no rio Congo, o medo da doença misteriosa era visível. Nem os pilotos queriam ficar por muito tempo - eles deixaram os motores do avião ligados enquanto a equipe descarregava seus equipamentos.
"Ao saírem eles gritaram 'Adeus'", conta Piot. "Em francês, as pessoas dizem 'au revoir' para 'até logo', mas quando eles dizem 'adieu' é como dizer 'nunca vamos nos ver novamente'."
"Mas eu não estava com medo. A excitação da descoberta e de querer parar a epidemia guiava tudo."
O destino final da equipe era a aldeia de Yambuku, sede de uma antiga missão católica. Nela, havia um hospital e uma escola dirigida por um padre e freiras, todos da Bélgica.
As freiras e o padre haviam estabelecido eles próprios um cordão sanitário para prevenir a propagação da doença.
Um aviso no idioma local, lingala, dizia: "Por favor, pare. Qualquer um que ultrapassar pode morrer".
"Eles já tinham perdido quatro colegas. Estavam rezando e esperando a morte."
A prioridade era conter a epidemia, mas primeiro a equipe precisava descobrir como esse vírus se propagava - pelo ar, nos alimentos, por contato direto ou transmitida por insetos. "Era uma história de detetive", diz Piot.
Contaminação
A equipe descobriu que o surto estava ligado a áreas atendidas pelo hospital local e que muitos dos doentes eram mulheres grávidas na faixa de 18 a 30 anos. Em seguida, perceberam que as mulheres que passavam por consulta pré-natal recebiam uma injeção de rotina.
Todas as manhãs, apenas cinco seringas eram distribuídas e as agulhas eram reutilizadas. Assim, o vírus se espalhava entre os pacientes.
A equipe também notou que os pacientes ficavam enfermos depois de ir a funerais. Quando alguém morre de ebola, o corpo está cheio de vírus - qualquer contato direto, como lavagem ou preparação do corpo sem proteção, apresenta um risco grave.
O passo seguinte foi interromper a transmissão do vírus. As pessoas foram colocadas em quarentena e os pesquisadores ensinaram como enterrar corretamente aqueles que faleciam por causa do vírus.
O fechamento do hospital, a quarentena e as informações para a comunidade levaram ao fim da epidemia. Mas cerca de 300 pessoas já tinham morrido.
Piot e seus colegas decidiram dar ao vírus o nome de um rio, o Ebola.
"Nós não queríamos batizá-lo com o nome da aldeia, Yambuku, porque é tão estigmatizante. Ninguém quer ser associado a isso", diz Piot.
Em fevereiro de 2014, o pesquisador foi a Yambuku pela segunda vez desde 1976, por ocasião de seu 65º aniversário. Ele encontrou Sukato Mandzomba, um dos poucos que pegou o vírus em 1976 e sobreviveu. "Foi fantástico, muito emocionante", contou.
Naquela época, Mandzomba era enfermeiro no hospital local. "Ele agora está coordenando o laboratório lá, e é impecável. Fiquei impressionado", disse Piot.
'Doença da pobreza'
Passaram-se 38 anos desde o surto inicial e o mundo está vivendo a pior epidemia de ebola que já ocorreu.
Na ausência de vacina ou tratamento, o conselho para este surto é quase o mesmo da década de 1970. "Sabão, luvas, isolar pacientes, não reutilizar agulhas e deixar em quarentena os que tiveram contato com as pessoas que estão doentes. Em teoria, deveria ser muito fácil para conter o ebola", avalia Piot.
Na prática, porém, outros fatores dificultam a luta contra um surto. Pessoas que ficam doentes e suas famílias podem ser estigmatizados pela comunidade, resultando em uma relutância para ajudar. As crenças levam alguns a confundir a doença com bruxaria. Pode haver ainda hostilidade para com os trabalhadores de saúde.
"Não devemos esquecer que esta é uma doença da pobreza, dos sistemas de saúde deficientes -e de desconfiança", diz Piot.
Por isso, informação, comunicação e envolvimento de líderes comunitários são tão importantes quanto a abordagem médica clássica, argumenta.
O ebola mudou a vida de Piot: após a descoberta do vírus, ele passou a pesquisar a epidemia de Aids na África e se tornou diretor-executivo fundador da organização Unaids.
"O ebola me levou a fazer coisas que eu pensava que só aconteciam nos livros. Isso me deu uma missão na vida para trabalhar nos países em desenvolvimento", diz. "Não foi só a descoberta de um vírus, mas também de mim mesmo."

http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/bbc/2014/07/23/voce-sabia-virus-do-ebola-chegou-a-europa-em-garrafa-termica-em-1976.htm

Ebola: como o vírus 'burro' se tornou uma epidemia

O mundo enfrenta a pior epidemia de ebola da história. Até o momento, o caso suspeito do Brasil se soma aos 8 399 casos na Guiné, Libéria e Serra Leoa, com 4 033 mortes, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença, fatal em quase metade dos casos, é numericamente pior que a epidemia de 1976, quando o vírus foi descoberto.
Em setembro daquele ano, uma misteriosa doença atacou o norte do Zaire, hoje república Popular do Congo. As vítimas tinham febre, diarreias, vômitos seguidos de sangramento e, irremediavelmente, morriam. Desesperado com essa situação, um médico que tentava combater a enfermidade enviou em uma garrafa térmica amostras de sangue para o Instituto de Medicina Tropical em Antuérpia, na Bélgica. Ela chegou ao cientista belga Peter Piot que, analisando o sangue em um microscópio, encontrou um vírus desconhecido.
Ele tinha uma estrutura gigantesca para os padrões virais e lembrava um vírus chamado Marburg, descoberto em 1967. Na Alemanha, esse patógeno contaminou 31 pessoas que trabalhavam em laboratórios com macacos infectados da Uganda. Sete pessoas morreram de febre hemorrágica.
Sem ter ideia de como a contaminação do novo vírus acontecia, Piot viajou até a aldeia africana, onde centenas de mortes estavam sendo registradas. Analisou novas amostras sanguíneas e decidiu batizar a nova doença de ebola, mesmo nome do rio que passava pela região.
Aos poucos, a equipe de cientistas descobriu que a transmissão se dava, principalmente, pelas injeções que mulheres grávidas recebiam com agulhas não esterilizadas. Os médicos também perceberam que muitas pessoas ficavam doentes após irem a funerais: o contato direto com os corpos repletos de vírus para a lavagem ou preparação dos mortos eram uma via importante de contaminação.
A primeira medida – até hoje a mais eficaz de combate ao vírus — foi o isolamento dos pacientes para interromper a transmissão. Assim, a epidemia, que infectou 318 pessoas e matou 280, foi debelada.
Vírus “burro” — Junto ao surto da República Democrática do Congo, outro foco de ebola apareceu ao mesmo tempo, no Sudão, com 284 casos e 151 mortes. A partir das primeiras descrições do vírus e das constantes pesquisas acerca de suas características, os cientistas descobriram que o ebola é dividido em cinco gêneros, de acordo com cada região onde ele se desenvolve. Assim, o agente do surto inicial e da epidemia que hoje está causando preocupação em todo o mundo é o Zaire ebolavirus. Há também o gênero Sudan, que causou as mortes no Sudão; o Tai Forest, encontrado na Costa do Marfim; Bundibugyo, visto na Uganda, e Reston, descoberto nas Filipinas.
Todos eles pertencem à família Filoviridae, que inclui outros dois gêneros além do ebola: Marburgvirus (que causaram a doença na Alemanha) e Cuevavirus (descoberto em 2011 em infeções em morcegos).
Os cientistas acreditam que todos os gêneros e espécies do ebola se desenvolveram em morcegos que comem frutas e insetos. Esses animais seriam seu hospedeiro natural — ou seja, os seres vivos em que o vírus melhor se desenvolve.
“Durante séculos o ebola deve ter ficado apenas entre os morcegos, infectando-os sem que eles desenvolvam a doença. Esse é o melhor cenário para os vírus, que conseguem sobreviver junto com seu hospedeiro. Quando ele chega a outros animais, como o homem, ele mata rapidamente, porque não está adaptado. Por isso, pode-se dizer que é um vírus ‘burro’: não consegue sobreviver por muito tempo no ser humano”, diz Alexandre Barbosa, professor de infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp – Botucatu).
Acredita-se que o vírus chegou até o homem por meio da ingestão da carne de macaco ou morcego — que faz parte dos hábitos culturais de algumas regiões africanas — ou pela mordida de bichos infectados.
É um mecanismo semelhante ao vírus da raiva, temido em todo o mundo até o século XIX, quando o infectologista francês Louis Pasteur (1822-1895) criou a vacina contra a doença. “Assim como o ebola, o vírus da raiva também infecta morcegos e é transmitido ao homem. E, quando chega até nós, costuma ser altamente letal: sem tratamento, mata em dias”, diz Barbosa.
Ação — Apesar de mortal, o ebola é um vírus muito rudimentar, que possui uma estrutura razoavelmente fácil de ser combatida. Como a maior parte dos vírus, ele entra no organismo e permanece em incubação, período em que se trava uma guerra do sistema imunológico contra o patógeno. Essa etapa pode durar de dois a 21 dias. Após esse momento, o agente ataca as células endoteliais, que revestem o interior dos vasos sanguíneos. É quando se manifestam os sintomas da doença: febre alta, dor de garganta e muscular, fraqueza e desconforto. E é também quando acontece o contágio: a moléstia é transmitida se qualquer fluido corporal (sangue, suor, saliva ou sêmen) entra em contato com mucosas ou feridas na pele.
A partir daí, rapidamente, o vírus causa lesões nas células que, rompidas, levam às hemorragias características da doença. Náuseas, vômitos, dificuldades respiratórias e sangramento das mucosas (olhos, narinas, gengivas) são os sintomas mais comuns nessa etapa avançada.
Para combater ação do vírus, o organismo reage com uma infecção generalizada, que costuma atingir os órgãos vitais como fígado, rim, pulmão e coração, levando, em quase 50% dos casos, à falência múltipla dos órgãos e morte. Em geral, são apenas dez dias entre a manifestação dos sintomas e a morte.
Tratamento — Até hoje, o tratamento do ebola é o mesmo que o da década de 1970: isolamento, hidratação rigorosa e manutenção dos níveis de sais como potássio e sódio do organismo. Há tratamentos experimentais, como o soro ZMapp, desenvolvido por pesquisadores americanos e canadenses, que consiste em injetar anticorpos nos pacientes. A prevenção também ainda está em fase de testes — a OMS tem a previsão de que duas vacinas estarão no mercado até o início do ano que vem.
De acordo com Barbosa, mesmo causando uma doença tão grave, o ebola é incapaz de sofrer as mutações que impedem sua prevenção e tratamento, como é o caso do vírus da aids e da hepatite C. Por isso, a criação de vacinas ou tratamentos não serão grandes desafios científicos nos próximos meses.
“O ebola não consegue criar subtipos virais que confundem os anticorpos e medicamentos. Ele permanece constante e, por isso, é muito factível que, em pouco tempo, tenhamos uma vacina e também um soro eficaz para combate-lo”, afirma o infectologista.


Uma epidemia de Ebola atingiu o Congo em 1995. Resultado: 315 casos, 250 mortosQuando surgiu: 1976
Origem: O devastador vírus — “ele faz em dez dias o que o HIV leva dez anos”, escreveu Richard Preston no livro Hot Zone — apareceu no Congo e no Sudão, em 1976, com uma taxa de mortalidade incrivelmente alta. Nos dois países, foram registrados 602 casos e 431 mortes. A maioria dos casos vem do contato direto com primatas não-humanos, como chimpanzés, gorilas, e outros animais selvagens, como antílopes e porcos-espinhos.

Vítimas: 1.850 casos, 1.200 mortes.

Por que é perigoso: Transmitido por secreções e pelo sangue, destrói as células de defesa do organismo e as plaquetas, provocando brutais hemorragias.






http://veja.abril.com.br/noticia/saude/ebola-como-o-virus-burro-se-tornou-uma-epidemia

Médico internado em Nova York está curado do ebola e terá alta na terça (11/11/2014)


"Depois de um rigoroso tratamento e testes, o doutor Craig Spencer - o paciente admitido e diagnosticado com ebola no hospital Bellevue - foi declarado livre do vírus", destacou a prefeitura de Nova York em um comunicado.
O anúncio confirma a notícia antecipada na edição de hoje do jornal "The New York Times", que citou fontes próximas do caso.
"O plano para dar alta ao doutor Spencer (...) foi confirmado nesta segunda-feira por duas pessoas próximas ao seu tratamento", destacou o jornal em seu site.
Spencer, de 33 anos, e que contraiu o vírus supostamente na Guiné, enquanto trabalhava para a ONG Médicos sem Fronteiras (MSF) no tratamento de doentes com ebola, apresentou melhora nos últimos dias, mas permanecia isolado e em tratamento, segundo o boletim divulgado pelas autoridades na quarta-feira passada.
Seu caso era o único de ebola tratado atualmente nos Estados Unidos, onde foi registrada até o momento uma vítima fatal do vírus: o liberiano Thomas Eric Duncan, falecido em um hospital de Dallas, Texas, em 8 de outubro.
Após a confirmação de infecção de Spencer, hospitais dos EUA têm estado em alerta máximo, com dezenas de casos suspeitos avaliados. Os norteamericanos ficaram em alerta já que, antes de ir para o hospital, o médico visitou um parque de Nova York, fez uma refeição em um restaurante, visitou um boliche no bairro do Brooklyn, andou de metrô pelo menos três vezes e fez uma corrida de quase cinco quilômetros.
Segundo as últimas cifras disponíveis da Organização Mundial da Saúde (OMS), a epidemia de ebola deixou até o momento quase 5 mil mortos em oito países, a maioria na Libéria, Serra Leoa e Guiné, de um total de cerca de 13 mil casos.

http://g1.globo.com/bemestar/ebola/noticia/2014/11/medico-internado-em-nova-york-esta-curado-do-ebola-e-tera-alta-na-terca.html

Ebola: origem, transmissão e como o vírus age no corpo

Doença é um desafio para os médicos e cientistas que tentam combatê-la

O mundo enfrenta a pior epidemia de ebola da história, com mais de 8.300 casos e 4.000 mortes registradas na Guiné, Libéria e Serra Leoa, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença, fatal em quase metade dos casos, é um desafio para os médicos e cientistas que tentam combatê-la. Após a manifestação dos sintomas, que pode levar entre dois e 21 dias, a infecção costuma matar em até dez dias.
O tratamento, atualmente, consiste na hidratação e manutenção dos níveis de sódio e potássio do organismo e, eventualmente, na ingestão de medicamentos experimentais. Se o sistema imunológico responde, e o paciente é curado, há indícios de que pode desenvolver resistência ao vírus. Saiba mais sobre a origem do ebola, sua transmissão e como o vírus age no corpo humano:
 
 
 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Ebola - Principais sintomas

Ebola é a doença causada pelo vírus conhecido como Ebolavírus. Com o novo surto de Ebola, com início na África Ocidental vale a pena ficar atento em seus principais sintomas que serão listados abaixo:
- febre repentina,
- fraqueza, 
- dor muscular, 
- dores de cabeça
- inflamação na garganta
- seguidos de vômitos e diarreia, 
- coceiras, 
- deficiência nas funções hepáticas e renais.
Alguns pacientes também podem apresentar: 
- erupções cutâneas, 
- olhos avermelhados, 
- soluços, dores no peito e dificuldade para respirar e engolir, 
- além de sangramentos internos e externos.
Agora, como já conhecemos os sintomas, vamos ficar atentos, pessoal! Em caso de dúvida, não exite, procure um médico.




Isabella Chagas Leli